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    Ricardo Nêggo Tom

    Músico, graduando em jornalismo, locutor, roteirista, produtor e apresentador dos programas "Um Tom de resistência", "30 Minutos" e "22 Horas", na TV 247, e colunista do Brasil 247

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    Silas Malafaia e a marcha para Bolsonaro na Avenida Paulista

    O judiciário brasileiro será completamente desmoralizado se Bolsonaro for apresentado como Jesus em São Paulo

    O pastor Silas Malafaia (Foto: Marcos Corrêa/PR)

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    Que me perdoem os juristas garantistas, legalistas, cautelosos ou muristas, mas não há mais condições de Jair Bolsonaro permanecer solto debochando da justiça brasileira e da maioria dos cidadãos deste país que, com certeza, quer vê-lo atrás das grades por todos os crimes por ele cometidos durante os seus quatro anos de desgoverno. Urge uma resposta por parte das autoridades, no sentido de fazer valer a lei e a honra de cada um dos responsáveis por solicitar a prisão mais esperada da história deste país. Não há palavras para descrever o meu sentimento enquanto escrevo este texto, e sei que tal sentimento toma conta de milhões de brasileiros, após assistir o vídeo onde o ex-presidente convoca o “povo brasileiro” a defender o Estado democrático de direito. O mesmo que planejava golpear após perder as eleições de 2022.

    Seus comparsas de golpe estão espalhados por todas as esferas da sociedade, desde as fileiras militares até os templos religiosos. Inclusive, o patrocinador da próxima micareta golpista é o empresário da fé Silas Malafaia que, ao que tudo indica, quer fazer de tal manifestação uma marcha para o diabo. O tão temido “pai da mentira” tem no referido pastor um de seus mais fiéis seguidores. Tanto, que Malafaia, num primeiro momento, havia declarado que quem pagaria a conta pela cerimônia de entronização do belzebu do Rio das Pedras na Avenida Paulista, seria a sua editora Vitória em Cristo que, juntamente com a sua igreja, a Assembleia de Deus Vitória em Cristo, devem R$ 4,6 milhões de impostos a União. Uma dívida que triplicou durante os quatro anos de governo do diabo que ele agora quer reverenciar publicamente.

    Podemos deduzir que ao perceber que poderia ser questionado pelo fato de sua empresa estar devendo milhões ao Estado e patrocinando financeiramente um evento público para milhares de pessoas – se é que podemos chamar de pessoas aqueles que comparecerão a esse desvario – o charlatão-mor do evangelismo brasileiro assumiu pessoalmente a responsabilidade financeira pelo evento. O que, a meu ver, só muda o teor fascista do ato a nível fiscal, porque ele poderá alegar que recebeu uma doação financeira de alguém enviado por “Deus” e decidiu investi-la em defesa do diabo. O cérebro dos seus fiéis (se é que eles possuem um) devem entrar em parafuso nesse momento. Até porque, caso não tenha havido nenhuma doação milagrosa para o custeio da fanfarronice, é o dinheiro do dízimo que eles ofertam para Jesus que estaria bancando a diabólica brincadeira. Caso não se importem com o desvio de finalidade, teremos mais uma prova de que tentar dialogar com evangélicos é uma total perda de tempo.

    É sempre bom lembrar que a maioria dos votos recebidos por Bolsonaro em 2018 e 2022, vieram deste segmento religioso. O mesmo que abduziu Baby Consuelo e a convenceu de que “Deus” a pediu para anunciar o apocalipse de cima de um trio elétrico em pleno carnaval da Bahia. O que me fez temer que ela reencarnasse Noé, fizesse o trio de arca e começasse a formar pares de foliões e os fizessem ir subindo de dois em dois, enquanto os seus músicos tocavam “Erguei as mãos”, do Padre Marcelo Rossi. Os pares de “veadinhos”, por questões óbvias, ficariam de fora da arca elétrica da salvação e seriam entregues a consumação apocalíptica ao som do “Macetando” de Ivete Sangalo. Evidentemente, apesar de raríssimas, existem exceções no meio evangélico. Porém, essas lideranças, embora também acreditem no apocalipse bíblico, são tratadas como sementes do mal no meio de pregadores da “verdade” como Silas Malafaia, passam a ser desacreditadas para outros fiéis evangélicos. Sobretudo, se essas lideranças forem de esquerda e defenderem o que, de fato, Jesus Cristo nos ensinou.

    Malafaia é um golpista em todos os sentidos do termo. Desde uma Bíblia que ele vendia por R$ 900,00, em 2009, em parceria com o não menos golpista televangelista e pastor pentecostal norte-americano Morris Cerullo, morto em 2020, passando pelo pedido de doação do dinheiro do aluguel dos fiéis, incluindo os desempregados, que ele estipulou doar 30% de qualquer renda que eles conseguissem durante um ano, e chegando aos jejum que ele conclamou o seu gado a fazer para evitar que Flávio Dino assumisse como ministro do STF, podemos constatar que seu lugar deveria ser na cadeia e não no púlpito de uma igreja. No entanto, a permissividade da justiça e dos governos faz com que ele se mantenha livre e ditando regras em nome do seu deus pessoal dentro da nossa sociedade. Sob a égide do respeito a fé das pessoas, estamos deixando que verdadeiros lobos contaminem o nosso ambiente, desrespeitando a laicidade do Estado e, principalmente, a fé de pessoas que não se submetem a “teologia do domínio” que eles tentam implementar em seu projeto de poder que visa estabelecer um Estado evangélico de direito no país.

    Se a fé de milhões de pessoas desrespeita a existência de bilhões de outras, essa fé não deve ser respeitada, nem tampouco compreendida como a “palavra de Deus”, uma vez que Deus, sendo o criador de todas as coisas, jamais desrespeitaria a existência natural de qualquer ser humano, pelos motivos apresentados pelos fundamentalistas e usurpadores do seu santo nome. A marcha que está sendo organizada para Bolsonaro em plena avenida Paulista, é mais um capítulo da sujeira religiosa que a igreja evangélica, através de líderes como Malafaia, vem espalhando pelo país. Uma igreja que se associa ao fascismo, com o perdão da redundância histórica, e tenta transformar Bolsonaro num Messias perseguido por defender a verdade, a honestidade, a família e os bons costumes. Algo que ele não conseguiu transmitir nem para os seus filhos, todos envolvidos e enrolados em algum problema com a justiça e, assim como o pai, sob risco iminente de prisão.

    Eu fico pensando como os evangélicos, que se dizem inspirados por Deus e que conversam com Jesus diariamente, nunca receberam uma mensagem divina os alertando sobre a essência criminosa da quadrilha que eles apoiam e reverenciam como exemplo de família cristã tradicional. Todos são delinquentes. Até o filho mais novo do clã acabou de ser indiciado por falsidade ideológica e golpe financeiro. Não escapa um, meu Deus! A exceção, pelo menos por enquanto, é justamente a filha que o chefe da quadrilha classificou como uma "fraquejada" da sua masculinidade frágil. Oxalá essa menina um dia se manifeste, coloque a boca no mundo e revele ao gado gospel o que nem o deus que eles seguem conseguiu revelar: Todos os podres dessa organização criminosa familiar. Que raça ruim! Mas tem quem goste. Deus me livre dessa gente!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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